Acantose nigricante e resistência à insulina

O que é acantose nigricante?

Não, não é sujeira! Muitos pacientes têm constrangimento por conta desse tipo de lesão. Fazem tratamentos tópicos, mas o real problema é no excesso de insulina na circulação.

O escurecimento localizado da pele, principalmente nas dobras do pescoço e axila, que deixa também um aspecto de estar mais grossa e aveludada, é o que se chama acantose nigricante ou nigricans. É comum em pessoas obesas com risco alto para o desenvolvimento do diabetes tipo 2.

Figura 1 Acantose nigricante em região do pescoço

Os acrocórdons são também lesões que têm relação com resistência insulínica.

Figura 2. Acrocórdons com acantose nigricante associada

Esse fenômeno ocorre por conta dos níveis aumentados de insulina, para vencer a resistência encontrada nas células à ação desse hormônio a fim de manter os níveis de glicose normais na circulação (resistência insulínica). Essa dificuldade de ação é principalmente devida a defeitos não na molécula da insulina produzida, mas sim no seu receptor nas várias células do organismo.

Acantose nigricante e resistência à insulina

A resistência insulínica está presente na síndrome metabólica e é um dos principais fatores que podem levar ao desenvolvimento do diabetes tipo 2.

E como é que a insulina não age bem no seu receptor, mas faz com que as células da pele se reproduzam?

A insulina em excesso começa a se ligar em outro receptor no qual não encontra resistência, o receptor de outra molécula chamada IGF (insulin-like growth factor, do inglês: fator de crescimento semelhante à insulina), produzido pelo estímulo do hormônio de crescimento. Pela ação cruzada nesse receptor, a insulina promove crescimento de diversos tipos de células da pele, resultando no aparecimento da acantose nigricans.

A resistência à insulina também aumenta a ação do IGF-1 de forma indireta ao reduzir a proteína ligadora. Assim tem mais hormônio IGF-1 livre para se ligar ao receptor.

Muita insulina circulante vai estimular o crescimento celular pela “abertura” do seu receptor, com também vai “abrir”o receptor de IGF-1, mesmo que nãose encaixe tão bem.

Figura 3. Sensibilidade e concentração de insulina em condições normais
Figura 4. Hiperinsulinemia decorrente da resistência insulínica e acantose nigricante como consequência

Não sabemos muito sobre a resistênciaà insulina na pele, mas o importante aqui é o efeito que a insulina em excesso excerce na pele.

Investigação clínica e tratamento em pessoas com acantose nigricante

Pessoas com esse tipo de alteração na pele devem procurar o médico para avaliação, que irá incluir rastreamento para pré-diabetes ou diabetes tipo 2.

Raramente a acantose nigricans está relacionada a casos de câncer.

O tratamento leva em conta principalmente o controle do peso, dieta pobre em carboidrato e certas medicações que agem na resistência à insulina, como a merformina e a pioglitazona com objetivo de reduzir os níveis de insulina. Tratamentos tópicos também podem ser úteis.

Referência

Phiske MM. An approach to acanthosis nigricans. Indian Dermatol Online J. 2014;5(3):239-249. doi:10.4103/2229-5178.137765

Posts relacionados

Obrigada por ter chegado até aqui!

Se você gostou da leitura, não deixe curtir e de compartilhar o conteúdo.

Para receber em primeira mão as publicações, você pode se inscrever no blog ou me acompanhar pelas redes sociais. Os links estão no rodapé dessa página.

Espero ver você mais vezes!

Um forte abraço,

Suzana

O botão de doação abaixo é uma forma voluntária de contribuir para manutenção e aprimoramento do trabalho desse blog.

Deixe uma resposta

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.