O uso de qualquer corticoide pode ser uma faca de dois gumes. Essa afirmação se aplica perfeitamente ao uso da dexametasona para o tratamento do covid-19.
A dexametasona é o mais potente corticoide sintético e seus efeitos colaterais incluem ganho de peso, diabetes, hipertensão, e outros comemorativos da Síndrome de Cushing, detalhada no post anterior.

Além das ações metabólicas, os corticoides têm ainda propriedades anti-inflamatórias e imunossupressoras.
A propriedade anti-inflamatória foi o objetivo quando o corticoide foi escolhido para o tratamento dos casos graves pelo coronavirus. Não podemos esquecer que os corticoides também tem efeito imunossupressor e pode facilitar as infecções por diversos microorganismos por conta da redução das defesas do organismo.
Se seu uso prolongado dos corticoides causa problemas, sua retirada também deve é trabalhosa. A sua parada abrupta dos corticoides após o seu uso prolongado resulta em um quadro de deficiência de corticoide, já que as altas doses de corticoide fazem com que as adrenais entrem em repouso e não produzam os seus hormônios, efeito que ocorre pela inibição do eixo hipotálamo-hipófise-adrenal. Quanto mais potente o corticoide e mais proloongado o uso, maior o risco de insuficiência adrenal.

O anúncio da redução da mortalidade em pacientes hospitalizados por covid-19 que necessitaram de oxigênio tratados com altas doses da dexametasona despertou preocupação entre os endocrinologistas. É tanto que a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) emitiu uma nota de esclarecimento, alertando para os potenciais riscos do uso indiscriminado da dexametasona.
A dexametasona é um medicamento do grupo dos glicocorticoides. Sua aplicação clínica é frequente, principalmente pelos efeitos anti-inflamatórios. Porém, além destes, sua ação glicocorticoide pode provocar vários efeitos colaterais, sendo os mais comuns a elevação da glicose do sangue (“diabetes”), elevação da pressão arterial, ganho de peso, edema (“inchaço”) e, com uso prolongado, osteoporose e insuficiência adrenal.
Trecho retirado da nota da SBEM sobre uso da dexametasona
Alertam ainda que nesse estudo, pacientes com quadros leves não se beneficiaram do uso da dexametasona para o tratamento do covid-19.
Os dados também demonstraram que a
Trecho retirado da nota da SBEM sobre uso da dexametasona
mesma terapia com dexametasona não se mostrou eficaz em reduzir a mortalidade em pacientes que não
necessitaram de terapia com oxigênio. Portanto, não há qualquer indicação para uso preventivo ou
ambulatorial da dexametasona em pessoas assintomáticas ou com quadros leves da Covid-19
Veja o comunicado completo da SBEM no link abaixo
Dessa forma, não utilize nenhum corticoide sem indicação médica (com receita, logicamente). Não use dexametasona para o tratamento do covid-19! Essa decisão certamente não será sua, certametente, mas da equipe médica que está acompanhando os casos graves. Mas sabemos que não custa alertar.
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