Com o aumento dos índices de obesidade no mundo todo, há também aumento do número de indivíduos com diabetes. Parece haver uma relação entre diabetes e câncer de mama, tanto influenciando na causa como modificando o curso da doença.
A resistência à insulina, níveis elevados de insulina (hiperinsulinemia), aumento dos níveis de IGF 1 (fator de crescimento semelhante à insulina), redução da SHBG, alteração da regulação dos hormônios sexuais (estrógeno, principalmente) e substâncias inflamatórias.
Durante o metabolismo normal, o oxigênio é reduzido à água e, nesse processo, os produtos intermediários, as espécies reativas de oxigênio (ROS: do inglês, reactive oxigen species). Esses compostos têm meia vida ultracurta, pois a presença de um elétron não-pareado os torna extremamente reativos e capazes de causar danos a diversos tipo de molécula. O estresse oxidativo quando há produção excessiva de ROS ou diminuição da capacidade de sua detoxificação pelos compostos antioxidantes. O aumento das espécies reativas de oxigênio também podem estar relacionados ao aumento do risco de câncer de mama no diabetes.

Muitos estudos têm demonstrado que pacientes com diabetes que já tenham o diagnóstico de câncer de mama têm uma sobrevida menor quando comparada aos indivíduos com câncer de mama sem diabetes. O aumento de mortalidade por todas as causas quando o diabetes está presente é em 65% maior quando comparado aos indivíduos sem diabetes.
Estudos posteriores sobre prognóstico confirmam a presença de diabetes é fator de risco para redução da sobrevida global, mas também o tempo livre de doença. A ausência de diabetes aumenta em 28% o tempo livre de doença numa metanálise recente.
A administração de insulina parece ser um fator de risco para o crescimento de células cancerígenas, enquanto que e o uso de metformina parece ser um fator protetor para câncer.
A presença de diabetes também tem um impacto no tipo de tratamento para os pacientes com câncer de mama. O diabetes pode aumentar o risco de toxicidade relacionada à quimioterapia resultando na administração de tratamentos menos agressivos ou respostas mais pobres ao tratamento oncológico. Tanto o cuidado menos intensivo do diabetes como do câncer podem afetar negativamente o prognóstico.
A redução do peso e dietas pobre em carboidrato têm se mostrados estratégias potenciais para o manejo do câncer, mas ainda carecem de evidências científicas robustas para serem fortemente recomendadas como estratégias terapêuticas.
Por ora, seguimos na forte recomendação da prevenção e controle de fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de mama, como obesidade e diabetes, que certamente vêm antes do rastreamento desses tumores. Mesmo depois do diagnóstico, o controle do peso e controle do diabetes não podem ser negligenciados.
Atualizado em 30/10/2018
Referências:
PEAIRS, K. S. et al. Diabetes mellitus and breast cancer outcomes: a systematic review and meta-analysis. J Clin Oncol, v. 29, n. 1, p. 40-6, Jan 2011. ISSN 1527-7755.
COHEN, D. H.; LEROITH, D. Obesity, type 2 diabetes, and cancer: the insulin and IGF connection. Endocr Relat Cancer, v. 19, n. 5, p. F27-45, Oct 2012. ISSN 1479-6821.
Zhao XB, Ren GS. Diabetes mellitus and prognosis in women with breast cancer: A systematic review and meta-analysis. Medicine (Baltimore). 2016;95(49)
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