Cetose, dietas cetogênicas e cetoacidose diabética

O que é cetose e como ela surge

Na ausência da glicose, o fígado produz os corpos cetônicos a partir da gordura armazenada para serem usados como fonte de energia pelos tecidos, tais como cérebro, coração, rins, músculos. Esse processo é importante para o cérebro, pois esse órgão não utiliza outras fontes de energia alternativas a partir de gorduras e proteínas.

Os corpos cetônicos estão sempre presentes no sangue e seus níveis aumentam durante o jejum e exercício prolongado. São encontrados também nos recém-nascidos e grávidas. Essas condições são consideradas fisiológicas.

Dietas cetogênicas

Algumas dietas com pouco carboidrato também induzem a formação dos corpos cetônicos, conhecidas como dietas cetogênicas para tratamento da obesidade. Nessas dietas os carboidratos são substituídos por proteínas ou gorduras, simulando assim um jejum. Lembrando que a redução de calorias associada à atividade física são fundamentais para o tratamento da obesidade.

Após uma noite de jejum, os corpos cetônicos fornecem 2±6% das necessidades energéticas do organismo, enquanto após 3 dias de jejum, fornecem 30±40%.

Há três tipos de corpos cetônicos, sendo os dois principais corpos cetônicos são o acetoacetato e o 3 β-hidroxibutirato, e por último a acetona que é menos abundante no sangue.

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Figura 1. Estrutura química dos corpos cetônicos. A Acetil CoA é o link entre a produção de energia a partir de glicose ou ácidos graxos

A cetose é o aumento dos corpos cetônicos no sangue. Posteriormente ao aumento da concentração dos corpos cetônicos no sangue, o excesso de corpos cetônicos é eliminado pelos rins através da urina (cetonúria). A acetona por ser volátil pode ser também eliminada pelos pulmões através da respiração. Esse último fenômeno caracteriza o hálito característico de fruta nas pessoas em cetose.

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Figura 2. Produção de corpos cetônicos a partir do jejum

Cetoacidose diabética

No diabetes, quando há redução dos níveis de insulina – principalmente no diabetes tipo 1- ou na resistência à insulina, há liberação da ação da lipase hormônio-sensível, que quebra os tríglicérides de dentro do adipócito, lançando na ciruculação grande quantidade de ácidos graxos para produção dos corpos cetônicos.

Para que a cetoacidose diabética aconteça é necessária uma baixa concentração ou ausência de insulina circulante. Há também a contribuição de hormônios que aumentam a glicemia (contra-reguladores) como o glucagon.

Pela falta de insulina, não há entrada de glicose na célula do hepatócito, e o a produção de energia é desviada para produção de corpos cetônicos nos hepatócitos.  A grande quantidade de corpos cetônicos ultrapassa a capacidade de tamponamento do sistema de equilíbrio ácido-básico deixando o pH do sangue mais ácido, culminando na cetoacidose diabética. Nesse post não será detalhada essa complicação do diabetes.

A dieta cetogênica é perigosa?

Uma das perguntas que se pode fazer é se a dieta cetogênica pode causar cetoacidose. Esse tema é discutido em outro post.

É possível que em pacientes com diabetes com poucos níveis de insulina circulante, haja um tipo de cetoacidose sem aumento da glicemia, entidade denominada cetoacidose euglicêmica. Acontece particularmente em pacientes em uso de novas medicações orais para diabetes. 

Dessa forma, a intensidade de formação de corpos cetônicos e a deficiência de insulina   diferenciam uma cetose da cetoacidose diabética. Em pessoas com diabetes que fazem uso de insulina ou que estejam descompensadas, a indução de cetose por dietas pobres em carboidrato não é indicada.

Referência

LAFFEL, L. Ketone bodies: a review of physiology, pathophysiology and application of monitoring to diabetes. Diabetes Metab Res Rev, v. 15, n. 6, p. 412-26, 1999 Nov-Dec 1999. ISSN 1520-7552. Disponível em: < https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/10634967

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