Incidentalomas: quando se acha o que inicialmente não se estava à procura

O que é um incidentaloma?

Os incidentalomas são massas descobertas ao acaso em exames de imagem que foram solicitados para outra finalidade. Por exemplo, é comum encontrar-se massas em glândula adrenal (ou suprarrenal) em tomografias de abdome ou tórax para investigação de quadros respiratórios ou relacionados ao trato gastrointestinal, ou ainda lesões na hipófise em exames de tomografia ou ressonância magnética solicitados para investigação de quadros neurológicos.

Com a disseminação, muitas vezes indiscriminada, das técnicas de imagem para diagnóstico ou rastreamento de condições relacionadas à saúde, esses achados têm sido cada vez mais frequentes. Alguns autores referem a esses achados como “doença da tecnologia moderna” e esses casos devem ser cada vez mais comuns, já que prevalência dos incidentalomas aumenta com a idade.

Quanto ao tamanho, os incidentalomas podem ser classificadas em:

  • microincidentaloma: até 10mm
  • macroincidentaloma: a partir de 10mm

Em relação à produção ou não de hormônios, esses tumores podem ser:

  • funcionantes: produzem hormônios
  • não funcionantes: não produzem hormônios

As principais glândulas onde são encontrados os incidentalomas são as adrenais, a hipófise (ou pituitária) e a tiroide. Rins e fígado também são órgãos em que lesões são descobertas ao acaso.

Os incidentalomas hipofisários podem ser encontrados em de 4 a 20% (dependendo do estudo) dos exames radiológicos de crânio solicitados para outros fins que não avaliar disfunção dessa glândula.

No caso das adrenais, lesões não suspeitadas podem estar presentes em até 5% das tomografias computadorizadas de abdome e de 2 a 9% em estudos de autopsia.

O tratamento vai depender do tipo da lesão se maligna ou benigna (a grande maioria é benigna), se a lesão é ou não funcionantes, e do seu tamanho. Há casos em que a lesão, mesmo não produzindo hormônios, por seu tamanho ou por sua natureza, pode levar à destruição do tecido glandular normal, resultando em deficiência hormonal e necessidade de terapia de reposição ou ainda afetar tecidos vizinhos.

As lesões podem ainda serem próprias da glândula (tumores primários), ou serem metástases de outros tecidos. Há ainda lesões por outras doenças que não neoplásica, como por exemplo, a tuberculose.

Em relação aos nódulos de tireoide, após a investigação se eles produzem ou não excesso de hormônios, a investigação subsequente vai depender do tamanho e características de lesão ao ultrassom. Já para as lesões de hipófise, se não há aumento dos níveis de prolactina, mas sem quadro clínico sugestivo, é importante afastar macroprolactina.

Nem todas as lesões necessitam de cirurgia e podem ser tratadas com medicações ou outras terapias.

Frente à descoberta de um incidentaloma nas glândulas citadas, é fundamental a consulta ao endocrinologista para investigar as possíveis causas e determinar se haverá necessidade de tratamento.

Referências:

http://emedicine.medscape.com/article/116587-overview

http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/21474686

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