SINAL DA DESCOMPENSAÇÃO DIABÉTICA OU EFEITO DE NOVA CLASSE DE MEDICAÇÕES?
A produção de urina doce é denominada “glicosúria”. Embora a glicosúria seja reconhecida por décadas como uma característica do diabetes descompensado, a mais nova classe de medicamentos para o tratamento do diabetes tipo 2, os inibidores do cotransportador de sódio e glicose ou SGLT2 (dapagliflozina, empagliflozina e canagliflozina) promovem eliminação do excesso de glicose pela urina por diminuir a sua reabsorção pelos rins.
Em condições normais, a glicose é totalmente reabsorvida e nenhuma glicose é detectada na urina, conforme observado na figura 1.

Glicoúria por descompensação diabética
Diabetes – vem do grego e significa “sifão”, devido à grande quantidade de urina que é produzida quando a doença está descompensada; Mellitus – vem do latim e significa “doce como mel”, que se refere à urina doce, resultado da eliminação do excesso de glicose do sangue pelos rins; Portanto, o diabetes significa sifão de mel.
A glicose na urina aparece se a quantidade de glicose no sangue excede a capacidade de reabsorção renal pelos transportadores de glicose e sódio, os SGLT2 (do inglês – sodium/glucose cotransporter 2).
Na figura 2, temos o “escape” de glicose na urina por saturação da capacidade da sua reabsorção pelos transportadores.

Glicosúria pelo uso de inibidores do SGLT2
O SGLT2 é um transportador de glicose e sódio que traz de volta para o sangue esses dois componentes filtrados na urina. Novas medicações para diabetes têm como ação a inibição desse cotransportador e são conhecidas como inibidores do SGLT2, como verificado na figura 3.
Os representantes dessa classe no Brasil são a dapagliflozina, empagliflozina e canagliflozina.
O uso dessas medicações conhecidas promovem: a diminuição dos níveis de glicose no sangue (glicemia) com o benefício adicional de diminuição da pressão, pois há eliminação também de sódio pela urina (natriurese), e também perda de peso pela eliminação de calorias da glicose excretada.
A glicosúria é um efeito esperado e desejável dessas medicações.

Cuidados com o uso de inibidores do SGLT2
Deve haver muito cuidado dos pacientes com diabetes insulinodependentes quando em uso concomitante dessa classe de medicações. Além do aumento do risco de infecção genital, pode haver um quadro grave chamado cetoacidose diabética euglicêmica.
Considerações finais
O conhecimento do efeito dessas novas medicações é importante para quem está diante de um resultado de glicosúria, antes representada quase exclusivamente pelo diabetes descompensado e agora interpretada como resultado de uma nova ação terapêutica de medicamentos para o tratamento de diabetes tipo 2.
Se você usa uma dessas medicações, não esqueça de falar para o seu médico para que ele entenda o contexto e consiga interpretar bem o exame de urina com glicosúria!
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Suzana
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